sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Savatage - Do primeiro ato ao Clímax

Como diria meu amigo Leandro: “Existem dois tipos de pessoas, as que ouvem e gostam de Savatage, e os que nunca ouviram”. Essa afirmação, além de precisa, é algo que definitivamente se mostra comum entre o público heavy metal, indo até o hard rock. O Savatage é uma banda que marca um ponto muito crucial na vida de quem os ouve.

               Criada na Flórida pelos irmãos Oliva, a banda, que inicialmente se chamava Avatar, teve seu nome mudado para evitar conflitos que poderiam existir na época, pois havia uma banda na Europa com esse mesmo nome. Sendo assim, em 1982, foi colocado um S no começo do nome antigo, e o final trocado por um “Age”, com a intenção de deixar um tom mais místico, com profundidade. Certamente, a esposa de Criss Oliva não poderia ter dado outro tiro tão certeiro. O nome, além de ser uma identidade das bandas, tende a transmitir toda sua intenção por trás da música, dessa forma, a banda não poderia estar mais completa.

               Além dos  irmãos musicistas Jon e Criss Oliva, a primeira formação também contava com Keith Collins no baixo e Steve “Doc Killdrums” na bateria. Uma das formações vista como clássica pelos fãs, deu origem a primeira parte da discografia – que podemos apelidar de primeiro ato.

               Os discos “Sirens”, “The Dungeons Are Calling”, “Power Of The Night” e “Fight For The Rock” deram origem a um primeiro ato turbulento, com várias reviravoltas. Os dois primeiros lançamentos foram bem aceitos pelo público local, além de ter vendido bem para obras de selo independente (Par Records). Infelizmente, essa ascensão não continuou quando assinaram contrato com a conhecida Atlantic Records.

               Apesar de ser um bom disco de heavy metal, o “Power Of The Night” não teve divulgação em forma de retaliação por parte da gravadora, pois a faixa single, “Hard For Love”, era muito explícita para tocar nas rádios e televisão. Mesmo com a sugestão de mudarem o nome para algo menos sugestivo (Hot ao invés de Hard), os garotos não concordaram e decidiram manter como estava, sendo um ponto crucial para o futuro da banda.

               Dando um fechamento dramático para esse primeiro ato, o “Fight For The Rock”, chamado de “Fight For The Nightmare” por Jon Oliva, desestabilizou o sonho dos garotos de se tornarem rockstars. Nesse período, a banda foi enviada para a Inglaterra para gravar o disco, nesse meio tempo descoberto que seu empresário roubava dinheiro importante para a continuidade de seus projetos, sem contar com uma orientação confusa da gravadora. Nas palavras do vocalista:

               "[...] Tivemos muita falta de orientação naquele disco, principalmente por pessoas que ficavam nos mandando fazer as coisas. [...] Acho que essa fase foi importante para nós, pois aprendemos a dizer não e nos impor perante aos outros. [...] Nos disseram que iríamos ficar ricos e gastamos todo o dinheiro que tínhamos na turnê no Power Of The Night, e naquela altura estávamos tendo filhos e tendo pessoas para alimentar. Se não fosse nos deixar ricos, então que pelo menos pudéssemos fazer do nosso jeito [...]" - Jon Oliva para Rockumentary, 2007.

               Músicas que inicialmente eram projetos para serem passados a frente, para outros artistas, precisaram ser gravadas pela banda. Por isso que, para o vocalista, “Fight For The Rock” não conta na discografia. Não é o que eles realmente queriam transmitir ao seu público, não era o estilo deles de se expressar.

               Após o lançamento decepcionante para os fãs e desanimo por parte de todos, as coisas saíram dos trilhos. A essa altura, Jon Oliva enfrentava problemas com drogas e álcool, e o baixista, Keith Collins, renunciou seu cargo. A apreensão era muita, até receberem um telefonema importante de um produtor chamado Paul O’Neil.

               Muitas bandas possuem aquele membro “secreto”, que a fanbase trata como se fosse definitivo. Mutt Lange era o sexto integrante do Def Leppard, Jason White é o segundo guitarrista do Green Day, e Paul O’Neil era o mestre do Savatage.

               Produtor reconhecido pela indústria, foi a virada de chave para o segundo ato da banda, dando origem aos discos “Hall Of The Mountain King”, “Gutter Ballet”, "Streets" e “Edge of Thorns”. Ele foi responsável por dar o dinheiro necessário aos garotos e o local para gravarem o disco homônimo de 1987, dando as coordenadas que os jovens garotos precisavam e incentivo para suas “loucuras”.

               Para essa gravação, Criss Oliva apresentou Johny Lee Midleton para substituto das 4 cordas, sendo o integrante que aparece em todos os álbuns daqui em diante. E bem, o que dizer sobre esse disco?

               Por mais cômico que pareça, é uma surra de heavy metal. Junto ao toque sinfônico – que seria emulado melhor no próximo disco, o tom pesado de uma oitava abaixo e os vocais agúdos e roucos de Jon Oliva são eletrizantes, energéticos: É o disco que te acorda na manhã de segunda-feira. Um speed metal melódico. Perfeito para os nerds de plantão, com referências a montanhas, jogos de RPG e muito, muito metal. Sem contar no reforço dos agúdos de Ray Gillen na faixa “Strange Wings”.
                     É um álbum para você aguçar seus ouvidos e prestar atenção em todas as nuances postas sobre as melodias. É tudo sobre a bateria, depois sobre a guitarra, depois sobre o baixo, depois sobre o vocal... Mas não necessariamente nessa ordem, é tudo junto! É o som do pedal da bateria com o vocal subindo notas em segundos e abaixando logo após, a guitarra explodindo e o baixo guiando o som. É sistemático e natural. É absurdo.

                Sinto ser necessário uma nova postagem para falar mais detalhadamente do clímax que vem após o lançamento do "Hall Of Mountain King", pois uma analise mais profunda é o mínimo para as obras primas do metal. Com isso, acho bom já finalizar por aqui.
                 É muita emoção conseguir finalizar uma produção concisa sobre a banda que é responsável por marcar de maneira importante a vida de um apreciador de música. Após mais de um ano com esse texto nos meus rascunhos e tentativas falhas de continuar, sem que se tornasse muito massante, aqui está! Engraçado que a banda chegou até a voltar antes da publicação desse blog...

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